Artistas de Moçambique: Ziqo



Artistas de Moçambique: Ziqo
Ziqo Maboazuda (sic)
Falar do Ziqo é uma tarefa muito complicada pra mim porque eu não gosto do estilo musical que ele faz, logo, não escuto as músicas dele (pelo menos não por vontade própria).

Até onde eu sei, o Ziqo (ou Zico, como aprendi na escola) surgiu naquela época em que a maioria dos jovens se intitulavam rappers. Era preciso ter muito talento para conseguir algum prestígio cantando Rap em Moçambique, talvez seja esse o motivo que fez com até então o Ziqo não fosse ainda tão conhecido quanto é agora.

Passados alguns anos o cenário da música jovem moçambicana foi infetado pelo vírus dos tsovas e tekas que foi disseminado pelos Xtaka que pelo que me consta foi um dos percursores daquilo que algumas pessoas chamam de música pinba (uma música com várias estrofes  cujos versos são quase iguais mudando uma e outra palavra no princípio ou no fim de cada verso).

A música que trouxe o Ziqo aos pouco críticos ouvidos do povo foi a música Maboazuda (or something like that) cuja mensagem é a mesma que você encontra em todas as músicas Funk brasileiras: mulheres, sexo, dinheiro, bebida, festas.

Desde o início do seu sucesso nacional até agora, não houve nenhuma mudança significativa no seu estilo, a não ser o uso de letras com duplo sentido. Se você não é moçambicano mas já escutou uma música Funk brasileira, não terá dificuldades para entender o que estou falando.

Bom, eu não ligo muito se as pessoas gostam de músicas que fazem apologia à sensualidade e ao sexo, também não ligo ao facto das pessoas preferirem música com letras inconsistentes ou até mesmo nocivas à sociedade, não me preocupo com a aceitação que o Ziqo tem do povo no geral. A única coisa que me preocupa é a facilidade que nós moçambicanos temos de consumir qualquer entulho que aparece. A culpa não é do Ziqo, ele só faz o que lhe rende, e o que lhe rende é aquilo que as pessoas gostam, e as pessoas gostam mesmo de música sexualizada.

Eu nunca permitiria que meu filho escutasse algo como “a ma baby, necessito duma baby” “Dogstyle” etc. Não vejo efeito nenhum quando um pai tenta preservar a filha proibindo-a de namorar, mas permitido que ela escute e até dança junto com ela músicas que falam do sexo no seu sentido mais vulgar. Esse tipo de mensagem não deve ser apoiada, isso não é progresso, nós estamos apenas absorvendo o esterco da globalização (que tem muito de bom).  Estamos apoiando aqueles valores que nós sempre de forma hipócrita dizemos combater.
Ziqo não rima com nossa missão que é levar o melhor de Moçambique para o mundo e o melhor do mundo para Moçambique.

Enfim, é uma questão pessoal, mas enquanto a música moçambicana for isso, eu ainda preferirei ouvir o Xiduminguana falando dos seus dilemas e do Dilon falando de Marracuene ao som da guitarra e da Timbila.



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1 comentário:

  1. Acho que o governo deveria intervir nessas situações criando um instrumento de censura, de modo a não permitir a passagem dessas musicas nas radeos ou TVs. So assim podera se filtar, tornando a sociedade livre de musica nossiva. Se não vejamos, mesmo a pessoa jurando não comprar essas musicas preservando assim os seus ouvidos, acaba por consumir atraves da radeo (no chapa) e Tvs.

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