O Desabafo da Flor



O Desabafo da Flor

Sou uma flor, flor que perdeu o brilho, sou apenas uma flor porque o tempo da minha existência assim determina.

Eu oiço por todos os lados que estamos corrompidas, que estamos perdidas! Eu oiço que já não gostamos das brincadeiras de outrora, tão amadas e estimadas, que preferimos a televisão, petiscando do vícios da globalização. 

Eu sou uma flor, e odeio sê-lo. Porque acabo me confundindo entre a infantilidade, a suavidade da puberdade, e a vida adulta. Não sei onde me enquadrar, atiram-me pedras por tudo quanto é canto. 

Perguntam porque prefiro ver tele-novelas, no lugar de desenhos animados. Jogar video game, no lugar de jogar à cabra cega. Perguntam-me se conheço a música do ''Cu-cu", dos "Três porquinhos e o lobo mau"... 

Oh, como poderia conhecer tal coisa? Como poderia gostar de tais brincadeiras? Se vocês, me deixam sentar ao vosso lado e ver a "pornografia das tele-novelas", já não me mandam dormir depois da música dos "Bons sonhos..." 

Como é que eu poderia conhecer a musica do "Cu-cu", se vocês nunca me mostraram, e ensinaram a dançar as músicas da Beyoncê? Como? Como gostar de jogar a cabra cega, se vocês ensinaram-me a apreciar as pernas da Lizha James? Como? Como não ser mentirosa, se vejo vocês a mentir todos os dias? 

Dizes ao Pai que vais ter com a Tia, mas naquele dia, estavas com Tio... Mãe, eu vi! E tu meu Pai? Dizes que vais comprar o Jornal, mas a minha colega viu-te com uma Mana, lá na Marginal, de mãos dadas... tal e qual como fazes com a minha Mãe. Ela viu! 

Como não me tornar agressiva, se vejo vocês lutando todas as noites? Oh, estou confusa, não sei em quem acreditar, não sei o que pensar, estou farta de tantas acusações, sou eu quem tem de velar por mim, e vocês? Ou será o contrário?
Mal consigo dormir, acabaram-se as histórias que primeiramente contavam, e me embalavam docemente para o mundo dos sonhos. Acabaram-se, vocês mataram elas, e ofereceram-me um computador... Cansaram-se de dar desculpas, sempre que eu implorava por elas.
Querem saber? Eu acho que sou tão adulta quanto vocês, a inocência é tão pura como a virgindade, pois, uma vez perdida, jamais se recupera! Resta-me somente ver os meus membros... evoluírem e seguir o mesmo rumo que vós, meus pais! O meu pólen esgotou-se, e assim, vou murchando, pétala, a pétala...


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